Quando o verão chega, o cabelo ganha os inevitáveis frizz. Mas a exposição ao sol não é o único fator responsável por esse incômodo efeito: a umidade é o que faz os fios de cabelo ficarem eriçados.
A alta umidade relativa – a quantidade de vapor de água na atmosfera – altera as moléculas de queratina, fazendo com que a água seja absorvida pelo cabelo seco. As ligações de hidrogênio formadas, então, permitem que os fios “inchem” e ganhem esse ar bagunçado.
O frizz é um fenômeno estudado há séculos
Em 1783, a reação do cabelo em dias úmidos já intrigava o cientista, físico e geólogo suíço Horace Bénédict de Saussure, que construiu o primeiro higrômetro. Ele usou o fios humanos para medir a umidade e concluiu que o cabelo seco é poroso e pode absorver o vapor da atmosfera. À medida que a umidade muda, a estrutura do fio de cabelo também muda. Quando as ligações de hidrogênio se quebram, isso permite que ele se expanda, resultando no frizz.
Ou seja, como o verão gera muito mais vapor de água do que o inverno, os cabelos ficam mais propensos ao frizz. Quando o cabelo está seco, a cutícula fica áspera e, quando o clima está úmido, é a receita perfeita para o frizz. A camada externa dos fios absorvem a umidade do ar, fazendo com que o cabelo “inche” e fique frisado.
Cabelos eriçados são uma das principais queixas aos dermatologistas
Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), a cutícula dos fios é a parte que sofre mais agressões. As maiores queixas de pacientes que procuram o tricologista – especialidade da dermatologia que cuida de cabelos – costumam ser pontas-duplas, cabelos porosos, difíceis de pentear, quebradiços e eriçados. Quando os fios estão saudáveis, conseguem preservar as moléculas de água e proteínas seladoras em seu interior, fazendo com que os fios fiquem maleáveis, hidratados e com brilho.
Nos cabelos danificados, as cutículas permanecem abertas, isso faz com que o fio perca umidade, brilho e resistência. Os quimicamente tratados são mais propensos ao frizz, pois ficam hidrófilos ou porosos, ou seja, a capacidade de armazenar água em seu interior é maior do que a dos fios sem química..
Usar produtos com sulfato só piora o frizz
Para evitar o ressecamento e, consequentemente, o efeito frisado, fique longe dos produtos com sulfato. Essa substância – muito utilizada em shampoos – funciona apenas como um forte detergente, que pode remover os óleos naturais do cabelo. Produtos com álcool, também, podem danificá-los deixando-os quebradiços.Evite também lavá-los com água muito quente, tocá-los muitas vezes com as mãos (pois causa tração entre a pele e os fios, ressaltando ainda mais a umidade) e enrolá-los com uma toalha feito um turbante.
Uma boa alternativa é usar shampoos em barra, que não contém sulfato e óleos capilares ou cremes com ingredientes naturais para condicionar, hidratar e ajudar a reter a umidade dos fios. Além disso, invista em uma toalha de microfibra, se possível, para absorver suavemente o excesso de umidade e depois deixe-os secar naturalmente.
Ferramentas quentes retiram a umidade do cabelo
Quando usados diariamente, o secador de cabelo ou chapinha podem provocar frizz. A dica é usar com moderação, na configuração mais baixa e sempre protegendo os fios com um protetor térmico antes de modelar.
Atualmente, existem os secadores com tecnologia que produz íons negativos naturais para suavizar a cutícula do cabelo. Mas se der para evitar o uso, melhor! Além de economizar energia, você ainda evita esticar os fios a ponto de promover a sua quebra.
Quando o cabelo estiver molhado, passe um nutridor e o desembarace com os dedos das mãos. Se a textura do seu cabelo permitir, escove do couro cabeludo às pontas com uma escova com cerdas de nylon. Se quiser escovar os cabelos após estarem secos, o faça com movimentos suaves, isso pode ajudar a distribuir a oleosidade. E os cuidados devem ir até na hora de dormir: fronhas e lenços de seda ajudam a diminuir o atrito que causa o frizz.